Este artigo é uma adaptação do artigo original do Dr. Luciano Bruno, Mestre e Doutor em alimentos pela Unicamp/SP e Pós-Doutor em Food Science pela Cornell University, de Nova York, Estados Unidos.
O Hábito
Quando consumimos açúcar, estimulamos muitos receptores da superfície das nossas células. Vou dar um exemplo: o SLC2A2. Esse receptor vai fazer com que a gente tenha mais vontade de comer açúcar na próxima refeição. Então eu coloco açúcar agora, na próxima eu quero mais, na próxima eu quero mais, e na próxima eu quero mais ainda.
E se substituir por adoçante? Não vai adiantar muito. O que devemos fazer é retirar da alimentação. Quando o indivíduo retira o açúcar da refeição e do seu dia, o DNA diminui a expressão desses receptores de açúcar e ele vai ficando com menos vontade de comer.
Em paralelo a isso é possível fazer estímulos com ácido e estímulos com amargo. Como assim? Acorda e toma um suco de limão, antes do almoço toma um chá mais amargo, antes do jantar toma um chá mais amargo ou uma tintura. As tinturas podem ser feitas de gengibre, tintura de espinheira-santa… Elas podem ser feitas em farmácia de manipulação, pinga na água e toma.
Isso se chama estímulo neurológico para que a gente tenha menos vontade de comer açúcar, esses estímulos são extremamente eficientes. Às vezes o paciente, o cliente, o indivíduo tem uma dificuldade incrível de parar de comer doce. Por exemplo, às cinco horas da tarde ele tem aquela vontade alucinante de comer doce. Nesse caso, eu sugiro: quando chegar às quatro horas da tarde, faz um suco de maracujá bem azedo e toma. Na primeira vez que vai tomar vai achar horrível. Toma uma, toma duas, toma três, toma quinze até se acostumar.
É a mesma coisa com café. O café ele tem por característica ter o gosto mais adstringente e amargo, e cada café tem a sua característica de adstringência e de amargor. Se você colocar açúcar, você não consegue perceber nenhum atributo, nenhum atributo sensorial do café. Então quem toma café com açúcar não sabe tomar café e vai tomar qualquer café, café bom, café ruim, é a mesma coisa porque só vai sentir gosto de açúcar. Uma vez que você tira, aí você toma 1, 2, 3, 4, 30 dias que for de café sem açúcar. No final você nunca mais consegue colocar um grama de açúcar no café.
Eu vejo muitos pacientes que fazem e que mudam. Mas por “n” motivos eu também não recomendo o consumo do café, nem com açúcar, nem sem açúcar. Uma explicação mais detalhada sobre isso você encontra no meu livro: Saúde em Dose Dupla – O Guia Definitivo para Mudar o Seu Estilo de Vida.
A Mudança
A primeira bebida que eu sugiro tirar o açúcar é o café, caso você ainda tome. E depois os sucos. É o mais fácil, porque a gente começa a gostar de suco natural e o nosso cérebro começa a perceber cada atributo, e começamos a buscar isso em outros alimentos. Então passamos a ser apreciadores de sabores, do ácido, do sabor azedo, do amargo (chás). E não aquela pessoa de hábito engessado, de gosto engessado, que é aquela pessoa que gosta ou de salgado ou de doce.
Se alguém falar não gosto de ácido, não gosto de amargo, são pessoas que não sabem comer, são as pessoas que têm paladar infantil, são aquelas pessoas que não sabem apreciar um chá de gengibre, são aquelas pessoas que não sabem apreciar a boa comida. Elas sabem comer açúcar ou sabem comer coisa muito salgada. É uma pena, mas é possível mudar isso através dos estímulos com ácido e amargo.
Para educar o nosso cérebro o ideal é cortar o açúcar, diminuir gradualmente pode não ser efetivo. Vejo diariamente pessoas que retiram por um determinado tempo – a gente coloca tempo, uma semana, duas semanas, três semanas – e funciona demais! A retirada gradual é para quem não tem coragem de mudar, então acho que a questão não é nem conseguir, é não ter coragem e não ter vontade.
Genética
Porém existem alguns polimorfismos que são alterações genéticas no DNA e que fazem com que algumas pessoas tenham muita dificuldade sim de retirar. Mas isso a gente só sabe quando retira. É aquele indivíduo que eu tiro o açúcar e passa uma, duas, três semanas e na terceira semana está louco, alucinado, com uma crise de abstinência. Esse indivíduo realmente tem dificuldade de tirar, e aí o gradual pode funcionar, mas são pessoas específicas que têm polimorfismos genéticos. E esses polimorfismos fazem com que tirar o açúcar leve à crise de abstinência, mas a grande maioria das pessoas não têm esses polimorfismos. Esses são casos isolados.
Através de um teste genético é possível avaliar se existem polimorfismos que vão atrapalhar na perda de peso, na dificuldade de tirar açúcar, na ansiedade, e etc. De forma mais prática também é possível fazer essa análise, se tirou e passou uma, duas, três semanas e o indivíduo está sentindo uma vontade incontrolável provavelmente esse polimorfismo existe, aí a diminuição gradual é o mais indicado.
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